Noutro dia sonhei contigo. Estávamos em Ipanema a fazer "jacarés", apanhar ondas, como fazias com o teu irmão Jona. Não eras a Mimi que veio do Brasil aos 20 e poucos, nem a avó que conheci, devias ter a minha idade. E toda a energia em ti, a energia que salta das fotografias dos álbuns. Talvez feliz por os meus olhos verem as maravilhas que tinhas visto.
A certa altura ficaste atrapalhada com as ondas que vinham de várias direcções e ajudei-te. Os meus sonhos nunca podem ser tranquilos. Pelo menos não tinhas morrido, que é um sonho demasiado real.
Tenho demasiadas saudades tuas, mas são incríveis as formas por que estás presente. As tuas palavras e histórias antigas, mantém-se tão actuais e válidas para acalmar o coração em horas de provação, "Arrebita as orelhas.", "Ninguém merece as tuas lágrimas". Até conversas que ficaram escondidas na memória agora aparecem, entendo-as melhor na idade adulta e dão conforto. Sempre tive noção que foste uma heroína e agora tenho a certeza.
Ao deitar digo "Boa noite, dorme bem." à Joana e responde-me sempre "E tu também.". Se por acaso diz "Bom noite" ou outra coisa, acrescenta "E tu também." passado um bocado e rimo-nos. Vejo-te naqueles olhos e o coração aquece. Lembras-te de nós duas antes de dormir?
Quando às vezes a Joana toca no (difícil) tema da morte ou pergunta pela mãe da avó N. e lhe digo que um dia nos encontramos todos de novo, penso em ti e tenho a certeza que sim. Pensar o contrário é demasiado cruel.
Dorme bem.
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