Há 5 anos atrás, após semanas sem sinais de parto, com muitas caminhadas a ver se eles chegavam, a indução foi marcada para o dia 9.Maio, às 40 semanas. Na última consulta, uns dias antes, a dra. M. fez um daqueles últimos toques "maravilhosos" e ainda assim, nada.
Ou era o que pensávamos...
Mentalizada para um dia de indução que não daria em nada e terminaria em cesariana, chegámos à ordem da Lapa passava das 10h, sem pressas, levando logo raspanete da nossa querida enfª parteira T, pelos 15 min de atraso. Para quê pressa, pensámos nós. Rapidamente percebemos. Estava com 4 dedos de dilatação, sem sintomas. Foi um corre-corre à nossa volta, porque como tinha o streptococus positivo, era preciso pôr o antibiótico no soro antes da bebé nascer. Em vez de acelerar o parto, era necessário atrasá-lo e por isso fiquei sempre deitada, ligada ao CTG
O tempo passou rápido, chegaram as contracções e continuava sem uma única dor, aos 7 dedos de dilatação. Como iam rebentar as águas, a anestesista deu-me a epidural. Entre conversas com o pai, os meus pais, irmã e equipa, a hora chegou quase sem me aperceber, apenas sentia contrações menos espaçadas e mais fortes, como confirmava o CTG.
Eram 14h30 levaram-me para a sala de partos. Na verdade, como o bloco estava em obras, aquele era um quarto adaptado e bastante normal. Enquanto me preparavam, as contrações ficaram loucas, ainda que sem dor e só me apetecia puxar. Tentei respirar e "ignorá-las" não sabia se já podia, aí estava com medo. Entre manobras uma delas com fórceps a bebé corrigiu a posição da cabeça e encaixou. Disseram que agora não era para fazer respirações, mas sim puxar. Foi o que fiz. A episiotomia doeu, ou melhor quando a dra. M. começou senti uma dor lancianante e pedi anestesia. Até hoje não percebi bem o que aconteceu (e convém já que novo parto de aproxima), mas disseram-me que a epidural estava a passar e não foi reforçada para eu ter percepção das contracções e do momento de puxar. Foi tudo muito rápido, nem cheguei a encaixar bem as pernas naqueles suportes e os panos esterilizados estavam tortos.
Ao fim de uns três puxos intensos a Joana nasceu, eram 15h.
Não a puseram logo ao meu lado, aspiraram-na e limparam-na antes, enquanto tratavam de mim. Ouvia-a chorar, aquele choro doce de recém-nascido. O pai, que assistiu a tudo ao meu lado pôde pegar nela. Tive uma hemorragia forte, que custou a parar e a tensão andou para cima e para baixo. Só pensava que não queria morrer, via tudo enevoado e resisti ao desmaio.
O meu maior medo da gravidez foi sempre morrer e deixar uma bebé sem mãe. No dia anterior tinha pedido ao pai para no caso de me acontecer alguma coisa, arranjar-lhe uma boa mãe (só com hormonas muito alteradas, ou um forte instinto, como lhe queiramos chamar, é que podia sequer imaginar o meu marido com outra).
O líquido amniótico e outras complicações nunca me preocuparam, sabia que com a bebé estaria tudo bem.
Quando tudo acalmou, puseram-na encostada ao meu pescoço, ainda nua, e aí foi mágico.
Até hoje.
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