quinta-feira, 7 de março de 2013

Otite in the house


Pela 1ª vez na vida, a Joana está com uma otite. Algum dia tinha que ser o 1º e ser só quase aos 5 anos é uma sorte. Tem sido extremamente saudável e este ano até é a 1ª vez que fica doente a sério, em casa, fora isso só tosse e ranhoca. No ano passado, 1º de infantário, foi uma vez por mês "de baixa", mas nada de complicado, felizmente.

Na noite de 2ª para 3ª feira, quis ir ao wc* e no regresso queixou-se que lhe doía o ouvido. Pensei que era passageiro e disse-lhe que dormisse. Ficou sempre muito inquieta e eu a pensar "plã-mooor-de-deus o que foi agora, logo hoje que o pai teve discernimento suficiente para ir para a cama dela, será que não vamos ter uma única noite em paz, não sossega?". Fiz-lhe mimos, confortei-a e ao fim de uma hora perguntei-lhe, já zangada, o que é que lhe faltava, se podíamos por favor dormir e parar quieta e respondeu-me que não conseguia, não se queixou de mais nada. Fui eu ao wc, lá está, acordando, tenho que ir. Perguntou-me "onde é que vais?", respondi já aos berros "à casa-de-banho, porquê? Não posso?" E foi aí que tive a noção que a loucura tinha tomado conta de mim, porque ouvi o eco no quarto. O que é certo é que após tanta pedagogia e assertividade, o autoritarismo é que resultou, chorou, passados 5 min estava a dormir e foi até de manhã.

Como sempre, quando reclamamos mais, é quando o pior ainda está para vir. De manhã voltou a queixar-se e estava muito prostrada, ainda que sem febre... Siga para casa dos avós, para ficar com a tia Cristina e eu vir trabalhar, com o sentimento de culpa "eu gritei-lhe e às tantas já era da doença"... Perto do almoço liga-me a tia, a Joana queixa-se muito do ouvido e quis deitar-se. Quando lá cheguei já tinha muita febre, avô-doutor prevenido e rumo ao hospital, nova correria. Valeu-nos de novo a tia ( (já disse que esta madrinha merece uma estátua?), que a miúda estava de tal modo que não se aguentava em pé. Dentro da urgência só fiquei eu e vi-me bem aflita com ela ao colo, a temperatura a subir, pensei que ela ia desmaiar, estava amarela. As forças vêm sabe-se lá de onde e pensava "aguenta-te Diogo". Se não nasceu ontem, não nasce mais prematuro.

Quando bateu de testa no chão foi o avô com ela ao hospital, fiquei com o coração apertado e tinha prometido a mim própria que não deixava mais de ir, sobretudo depois dela reclamar comigo. Mal lhe disse íamos chorou que queria que eu fosse e fiquei contente ao poder dizer-lhe que sim.

O atendimento foi entre o trágico e o cómico, não fosse uma situação de doença. As duas estagiárias ou estudantes, não percebi bem, não ouviam as respostas às perguntas, repetiam o que lhes dizia tudo trocado e eu pensava que raio ia sair dali, se era para aquilo mais valia ter ficado em casa. Ainda mandei um "salva-me" ao meu pai. Francamente parecia que tinham ido para noite e ainda não tinham dormido tudo, tal era a loirice. A inexperiência não me incomodaria, nestes casos, mas a falta de senso sim. Acho que nem a brincar aos médicos com 6 anos teria esta atitude. Após observação, pelas duas (e ainda chamaram um colega e aqui a Joana mandou vir) disseram que seria a otite, mas como não podiam passar receita (yes!) iam chamar "a colega mais velha". Graças, nem tudo estava perdido! À espera, a Joana, deitada na marquesa e olhos fechados, concluiu tudo: "quando vim com o avô por causa do dói-dói [linguagem que só se permite com delírio de febre] na testa não foi nada disto". A pediatra 5*, outra coisa, outro trato. Saímos de lá com o diagnóstico e receita de antibiótico, não sem antes outro estagiário ver o típico caracol. Foram ao todo cinco (5!) pessoas a examinar, julgo que só o porteiro não viu. Eu própria estive tentada a espreitar. A minha filha é mesmo do bom tempo, deixa o mau feitio para nós. Aquilo fez-me lembrar os relatos de filmes interactivos hollywoodescos que algumas mães fazem sobre os seus partos, em que toda a gente vem ver e tocar.
Entretanto a Joana tinha arrebitado e fartou-se de me fazer festas na barriga a dizer "maninho, maninho" (!), falar, contar que queria ser médica de cavalinhos e gatos, etc.

Ao final da tarde voltou a ter febre muito alta, passou com ben-u-ron, jantou como se já não comesse há uma semana e pudemos aproveitar a "parte boa" da doença: os mimos, comida na boca e brincadeira sem pressas para ir dormir...
Cobrou-me, obviamente, "mamã tu ralhaste-me muito alto!".

Como a miúda é de raça (foi muito bem feitinha, genes apurados!) hoje está como se não fosse nada, firme e hirta e passou o dia a usufruir dos mimos da avó R.., sem escola "Yeeaaah" e a emitir 20 palavras / segundo. Alguém sabe se o antibiótico tem este efeito secundário?!?



* Durmo tão ferrada e ando tão cansada que nem me levantei, ainda que o wc seja ao lado da cama, dei as instruções deitada... Pela amostra dá bem para ver o zombie a caminho quando o Diogo nascer... Com a Joana foi um desatino, agravado pelo facto dela não acordar, por ela estava bem a dormir, eu tinha que pôr o despertador e ía carregando no "adiar"...

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